it can’t be. I got good grades, i go to church… i’m a cheerleader!
A imagem do que é ser uma pessoa lésbica, desde o início dos tempos, tem sido manchada e ridicularizada em virtude da desinformação e preconceito. O que a sociedade, de fato, encara que seja uma lésbica? Qual seria a resposta viável que não carregasse quilos e quilos de preconceitos estereotipados sobre uma comunidade minoritária que por séculos luta por uma única coisa: sobreviver com respeito e dignidade.
Ser uma mulher dentro de um contexto moderno extremamente misógino e maldoso com o gênero já é um desafio que é combatido todos os dias, com milhares de estatísticas que infelizmente não diminuem. Agora que peso carregam as mulheres que amam as outras? De que maneira são vistas?
”Nossa, mas você é tão bonitinha para ser lésbica”, ou “aquela ali gosta tanto de mulher que quer ser homem”. Essa realmente é a única maneira com a qual somos vistas? Uma tentativa falha de substituir ou se assemelhar ao gênero que mais dissemina o ódio simplesmente pela forma que amamos? Que aparência então tem o amor, para que o nosso seja definido de tal maneira?
Meu amor pelo longa metragem '“but i’m a cheerleader” é imenso, mas uma das questões que mais me fazem pensar mesmo depois de tempos após a primeira vez que assisti era a famosa fase da protagonista Megan, que ao ser indagada pelos familiares e até o próprio namorado se ela era lésbica, ela diz: “não, não pode ser. Eu tenho boas notas, vou a igreja, eu sou uma líder de torcida”. A noção da extrema feminilidade de Megan era uma das principais razões pela qual ela mesma negava sua sexualidade.
Por mais cômica que a cena possa ser, com os flashbacks dela admirando garotas, tendo inúmeros posters de grandes mulheres pelo quarto e até mesmo apreciar todos os dias mulheres coladas em seu próprio armário da escola, ela sequer notava que sua admiração imensa e a total falta de interesse pelo namorado eram anulados pelo pensamento dela ser “garotinha demais” e por isso era normal se sentir daquela maneira.
É um exemplo tão simples de como a heterossexualidade compulsória pode afetar a vida de mulheres que, por pressão estética, familiar, amigável e até mesmo de si próprias, negam a si mesma por fatores que jamais anulariam quem elas são. Contradizendo a ideia de que lésbicas não podem ser femininas, que devem ser masculinas, sem se portar como uma “garotinha”, estar por cima, idealizando um homem dentro de uma mulher unicamente pela forma com a qual se identifica. O conceito de que a sexualidade é masculina sempre vai ser extremamente burro, uma tentativa falha de inserir homens num dos poucos únicos espaços que não os aceita, que não os endeusa ou admira. Vai ser sempre uma maneira de diminuir mulheres e a sua forma de amar.
Ser lésbica é lindo. Amar outras mulheres (e nbs) é lindo.
Não precisa ser uma para respeitar e entender.